Tenho essa Olivetti Studio 46 faz exatamente uma década. Não é de família, ganhei de presente. Chegou para mim no tom azul perfeito, brilhando, o funcionamento ótimo, mas nunca achei uso para ela fora algumas tentativas fajutas de journaling. Ao longo dos últimos anos foi passando de estante em estante em cada casa que morei, sempre vizinha dos livros como boa decoração. Dessa forma não tinha muito jeito de escapar: acumulou internamente muita poeira e pelos de vários gatos. Cachorros também. A vida é assim mesmo. Daí que esse final de semana fui tirar o pó da estante dos livros e bem quando cheguei na vez do apartamento dela decidi caprichar e não varrer somente a estrada do bispo, como diria a minha mãe.

Bom, para caprichar é preciso entender e eu não entendia, fui atrás, adentrei o universo dos aficionados por typewriter até perceber que eu não tinha o material que eles citavam e nem gostaria de ter trabalho procurando então simplifiquei o máximo com a informação que obtive. E algumas atenções: não usar nada corrosivo nas tinturas e tomar cuidado para proteger o rolo que gira o papel (não sei o nome técnico disso).
O que fiz: como eu não queria desmontar a máquina pelo medo de não saber colocar de volta, usei o secador de cabelo na função mais forte possível para forçar toda a sujeira para fora. Depois, com a ajuda de um pincel longo, fui varrendo o chão que alcançava entre as teclas para remover as partículas mais teimosas. Claro que não foi o suficiente mas limpeza de verdade exige recursos. Tá bom demais. Quando se tira a tampa superior a engenhoca metálica é revelada. Nisso usei uma esponja limpa com pouco de álcool 70% e esfreguei gentilmente tudo que pude alcançar e depois limpei com um papel toalha. A fita ainda preciso trocar, parte dela está seca mas parte não então estou me apegando a isso. Minha sorte é que tenho uma embalagem fechada com um rolo aqui, será trocado em breve. Aprendi nos vídeos como fazer isso também.
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Aqui ela ainda estava suja |
Os canais no youtube que serviram de embasamento (todos em inglês):
p.s: em todos os lugares foi citado um produto chamado mineral spirits, um solvente usado para limpar a parte metálica interna. Se em algum momento for necessário abrir para cirurgia vou à procura, vi que é baratinho e é comum do uso do pessoal das artes que lida com tinta.
Eu ia comentar o último antes desse mas vou nesse aqui e faço as duas coisas: Tem uma cena naquele filme Chef em que o cozinheiro desafia o aprendiz a fazer um simples ovo mexido, mas perfeito. Sem firula. Só técnica, cuidado e sentimento.
ResponderExcluirVocê escreve sobre o cotidiano como quem faz esse ovo: com sensibilidade, precisão e uma graça que não se ensina. E isso é raro. E sobre o post No stresso... só me lembrei disso: https://www.instagram.com/p/DHlleAPoFjU/
Obrigada pelo elogio, só sei escrever cotidiano então meio que sou chef de receita só, é bom saber essa pelo menos haha.
ExcluirEspresso machiatto é 100% a tosquera do ítalo disco
Oie Marina.
ResponderExcluirQuando eu era mais nova eu sonhava em ter uma maquina de escrever, acho que estava muito voltado a minha enorme vontade de ser jornalista. Hoje eu ainda gostaria de ter, mas não uma de verdade, uma de decoração está de bom tamanho.
E meu Deus, que saga para limpar a maquina, mas no fim valeu a pena.
Beijinhos~
https://justmegabs.blogspot.com/
Oi Gabi! Realmente, a máquina de escrever faz parte desse imaginário de um jornalismo que não existe mais. Pense que a "de verdade" (que é só estar com a manutenção em dia na real) também serve de decoração pois todas lindas!! E nem foi complicado limpar, é que ela foi negligenciada por muito tempo, tadinha :(
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