30 de abril de 2025

Bolsinha de limão siciliano

Então que eu preciso perder a vergonha de postar minhas coisas nos meus lugares. Não é como se estivesse incomodando alguém ou sendo notada aqui. Tô falando sozinha, nem em cima do banquinho estou. Questões.

* * *

Sou modelista mas de roupas. Coloquei na cabeça que quero saber de bolsas, aí preciso começar do começo. Fiz esse estojo-necessaire com a medida necessária para caber tanto meus lápis e canetas (que não uso) e pincéis de maquiagem e derivados (que não uso). A modelagem não tem nenhuma informação técnica e mais parece Tive Um Sonho Mais Ou Menos Assim mas eu me entendo. Quero testar proporções e acabamentos. Esse é um tecido de estofaria e é o mesmo que usei para fazer a capa da minha máquina de escrever. Tenho escrito nela, não como rotina, mais como escape. Enfim. Todos os materiais eu já tinha em casa. Esse zíper faço a menor ideia da procedência, realmente não lembro, estava numa lata de biscoito junto a outros sem dono, mas com certeza é vintage: o puxador é bom, de metal e tem trava. Tá escrito "Paris" mas aí sabe deus porquê. Oh là là.

Segue imagens.


O forro ficou bom, a costura também, me impressionei que o zíper realmente ficou bem acabado junto ao forro. Não gostei da modelagem na parte debaixo, mas aí é culpa minha, é contornável, na próxima aprendo. 

* * *

Ouvindo: Supergrass - Time to go. Hora de dormir.

25 de abril de 2025

Sátántangó



Li o livro (László Krasznahorkai, 1985) aí vi o filme (Béla Tarr, 1994). Baita. Belas imagens. Não tenho nada brilhante para comentar, tem o contexto político aí acontecendo, provavelmente algumas questões profundas, filosofia, essas coisas cheias de teorias e conceitos e explicações e perguntas e nós na cabeça. Não tenho literatura nenhuma de nada disso e sinceramente não é o que me move.



Acho que o livro me pegou mais, texto denso que me obrigou a forçar o cérebro, ainda mais depois de certo tempo sem ter o foco necessário para prestar atenção. Serviu como distração enquanto eu passava por um período meio triste, então numa imagem tag yourself eu seria o Doutor, bêbado, observando e escrevendo tudo sem ser parte. Yay. Pelo menos naquele momento. Não tenho culhões pra ser Irimiás, nem as divinas tetas da senhora Schmidt, nem religiosa como a Halics. É Doutor, mesmo. O Futaki é tristola mas calma lá, há limites. Ele é só patético. Falando em senhora Schmidt e senhora Halics, achei, no livro isso, que tinha clima? Uma tensão. Interesse, vá lá. Vai ver era loucura minha.








O filme é essa coisa monstruosa de sete horas e dezenove minutos. Vi durante um dia inteiro, arrastando o notebook pela casa enquanto fazia as atividades domésticas feito Jeanne Dielman (esse ainda estou digerindo). Cortei temperos, fiz farinha de rosca com uns pães velhos pra não jogar fora, o almoço, a janta, lavei a louça, outra louça, estendi roupa, guardei a roupa. E o filme lá, acontecendo. Alguns momentos sentei em frente e fiquei paradinha. Umas duas horas do total. Sei lá. Perdi a noção do tempo igual o diretor.

Irimiás. Hot rodent man.

* * *

Ouvindo sem parar: Hej, Aloszka - Metro

19 de abril de 2025

Trinta e dois

93, abril, áries, 18, 32. Assoprei velas. O três antes era um oito, reciclagem. Eu tenho aqui escrito uns 15 minutos de texto num formato que acho divertido: vou escrevendo ao vivo, igual diário, anotando horário, mantendo o fluxo de ideias e contradições. Gosto de fazer isso quando faço algum projeto inútil e uso a escrita como procrastinação mas também como uma forma de não me distrair nem desistir. Meio que firma um compromisso pessoal. Gostava. O projeto dessa vez foi fazer um vestido em um dia (e meio). Já tinha tudo em casa. Adicionei algumas dificuldades no caminho. Nunca tinha feito nada com um desenho específico de bojo, nem feito corset ou usado barbatanas. Todo o brainstorming eu registrei mas depois fiquei ruim da garganta, não consegui dormir a noite inteira e meu corpo ficou moído. Desenhei, cortei, costurei, ficou pronto. Mediano, mas pronto. Encontrei a galera, usei o vestido, teve bolo em formato de coração, karaokê, Mario Kart no Wii e filme. Acho que a última vez que comemorei meu aniversário foi 2008, algo assim.

Sei lá. Não tirei foto do vestido, não tirei foto de mim, não tirei foto de nada, ninguém. Vou deixar o texto pela metade no arquivo, a garganta me derrubou e depois ignorei o computador para conseguir terminar a peça a tempo. O humor também já é outro. Vou passar um café.