24 de março de 2025

Limpei minha máquina de escrever

Tenho essa Olivetti Studio 46 faz exatamente uma década. Não é de família, ganhei de presente. Chegou para mim no tom azul perfeito, brilhando, o funcionamento ótimo, mas nunca achei uso para ela fora algumas tentativas fajutas de journaling. Ao longo dos últimos anos foi passando de estante em estante em cada casa que morei, sempre vizinha dos livros como boa decoração. Dessa forma não tinha muito jeito de escapar: acumulou internamente muita poeira e pelos de vários gatos. Cachorros também. A vida é assim mesmo. Daí que esse final de semana fui tirar o pó da estante dos livros e bem quando cheguei na vez do apartamento dela decidi caprichar e não varrer somente a estrada do bispo, como diria a minha mãe.

máquina de escrever olivetti studio 46

Bom, para caprichar é preciso entender e eu não entendia, fui atrás, adentrei o universo dos aficionados por typewriter até perceber que eu não tinha o material que eles citavam e nem gostaria de ter trabalho procurando então simplifiquei o máximo com a informação que obtive. E algumas atenções: não usar nada corrosivo nas tinturas e tomar cuidado para proteger o rolo que gira o papel (não sei o nome técnico disso).

O que fiz: como eu não queria desmontar a máquina pelo medo de não saber colocar de volta, usei o secador de cabelo na função mais forte possível para forçar toda a sujeira para fora. Depois, com a ajuda de um pincel longo, fui varrendo o chão que alcançava entre as teclas para remover as partículas mais teimosas. Claro que não foi o suficiente mas limpeza de verdade exige recursos. Tá bom demais. Quando se tira a tampa superior a engenhoca metálica é revelada. Nisso usei uma esponja limpa com pouco de álcool 70% e esfreguei gentilmente tudo que pude alcançar e depois limpei com um papel toalha. A fita ainda preciso trocar, parte dela está seca mas parte não então estou me apegando a isso. Minha sorte é que tenho uma embalagem fechada com um rolo aqui, será trocado em breve. Aprendi nos vídeos como fazer isso também.

Aqui ela ainda estava suja

Os canais no youtube que serviram de embasamento (todos em inglês):


p.s: em todos os lugares foi citado um produto chamado mineral spirits, um solvente usado para limpar a parte metálica interna. Se em algum momento for necessário abrir para cirurgia vou à procura, vi que é baratinho e é comum do uso do pessoal das artes que lida com tinta.

19 de março de 2025

No stresso, no need to be depresso

Daqui a pouco fecha uma semana que eu tô assim com as costas pedindo socorro, como se eu dormisse feito S a noite toda, todos dias. Sei lá. Aí me estico e parece que as coisas se alinham mas é só ficar sentada que a notável falta de exercício eficaz aparece. Que saco. Uma hora resolvo.

* * *

Hoje quando abri o Youtube apareceu de cara o vídeo representante da Estônia no Eurovision. Nunca acompanhei, nem sei lá muito bem como é a dinâmica, mas tempos atrás fiquei um bom turno vendo vários (o da Finlândia em 2024 é muito especial) e desde então aparece no meu algoritmo. Não reclamo. Na verdade lembrei agora que vi o filme Eurovision song contest: the story of fire saga, com o Will Ferrell e Rachel McAdams, e a lembrança é que ri bastante.

Enfim. Vi o clipe da Estônia, Espresso Macchiato por Tommy Cash, e sigo com a música na cabeça sem parar. Tudo que pensei é em Emília Perez e eu nem vi Emília Perez. Ou a paródia que fizeram de Emília Perez. Ou, ainda, Emily in Paris. Escolha o estereótipo representado que quiser. Falo tomando um espresso hipotético (já está tarde) enquanto com os dedos juntos balanço a mão num vai e vem.

"Mi like to fly privati
With 24 carati
Also mi casa very grandioso
Mi money numeroso
I work around the clocko
That's why I′m sweating like a mafioso
Life is like spaghetti
It's hard until you make it
No stresso, no stresso
It's gonna be espresso"

Ridículo. 🤌

* * *
desenho de vestido longo florido de alça
foto na sala passando ferro, estante de livros ao fundo

Eu tenho uma caixa das milhões de mudanças da vida recheada de possíveis projetos e ideias de costura. É uma caixa que me dá certa culpa porque nada nunca sai de lá, nada acontece, esqueço até que existe. Pois bem. Tirei de dentro da cartola de papelão um vestido vermelho que vou reformar. Tirei fotos como prova e porque redescobri o tripé (estava em cima do guarda roupa). A ideia é fazer um vestido meio parecido com a da guria de Before Sunrise, quero poder usar como sobreposição, seja calor ou frio.

Pronto, me comprometi publicamente.

14 de março de 2025

Bloco de notas

"Saint sernin
Rue de taur
Le sherpa - crêpe
Couvent de jacobins
Augustin
Jardin japonais pierre Baudis
Cinéma abc
Cratere
Theatro sorano"

(15/10/2024, lista de dicas que me passaram para bater perna no centro de Toulouse)

* * *

"Bebê balançando no colo da mãe
Cachorro na gaiola
Mulher de máscara
Enroladinho de salsinha no papel toalha"

(28/12/2024, no ônibus indo para Magistério)

* * *

"Sonhei que fazia uma viagem surpresa para uma espécie de parque Disney, presente dos meus pais. Não sei com que dinheiro. Minha mãe estava viva. Engraçado que essa era segunda vez que eu ia, a primeira tinha sido com meu ex. No sonho eu tinha essas memórias falsas se misturando nesse sonho falso. Nunca sonhei com Disney. Engraçado também que meus pais não sabem inglês, nem sei como se viraram em todo o processo. Durante o descanso deles eu provava roupas e ficava feliz com novas silhuetas, tirava foto com peças que nunca tive. O tênis sim, comprei na França. As calças ainda tinham etiquetas. Num dos bolsos eu tirei meu cartão verde. Estava acompanhando as taxas de câmbio do dólar e pensando no que almoçar. Fui no banheiro e menstruei, olhei pro celular e era dia 15, fazia sentido (hoje é dia 10). Não sonhei com a parte do avião, nem sei qual país era. Só sei que era longe, longe."

(10/03/25, em casa, logo que acordei)

* * *

"7 quilos!!
Ninguém usa dinheiro
O homem geriátrico de 36 anos
Watchparty de filme porno
Agiota
Receita falsa
Abandono de cachorro quase de raça
Pobre investindo em ação"

(11/03/25, sobre o filme Los guantes magicos)

* * *

"Engraçado perceber o corpo somente quando dói. Meio feito sentimento. Agora é 1h59 da madrugada e estou me alongando na cama porque notei a existência da minha coluna bem na altura dos rins. Deitada, levanto as pernas para o alto, encosto os joelhos na testa, seguro meus pés. O torso gira como pode para um lado e outro. Deslizo sobre os lençóis, as pernas agora pendendo para fora da cama, ponta dos dedos da mão tocando no que seria a cabeceira, se tivesse comprado. Estiiiico.

Pronto, aliviou, posso voltar a dormir. Pela manhã com certeza já terei esquecido que preciso me exercitar com regularidade."

(12/03/25, madrugada, na cama)

11 de março de 2025

Centro Histórico de Porto Alegre

foto analogica da rua borges de medeiros, centro de porto alegre
foto analógica da feira do livro de porto alegre 2023
foto analógica vista debaixo das copas de árvores
foto analógica de mulher de saia longa e cabelos presos na entrada de uma cafeteria na demétrio ribeiro

Pelas alamedas de Porto Alegre
Do mercadão até o Bom Fim

* * *

Subir a Borges de Medeiros, passar a Ponte de Pedra, correr para não me atrasar. Por um tempo foi rotina. O cinema logo aí. Enfim. Fotos de 2023 em uma câmera half-frame Olympus Pen EE-3, pequena, uma graça. O filme é Lomography Earl Grey 100, mas não lembro muito bem a origem, sei que não comprei, e provavelmente estava vencido. 

Além disso não quero falar, todo esse rolo de certa forma é triste.

8 de março de 2025

Calor, dia da mulher e outras coisas

Sou eu, Bola de Fogo
E o calor tá de matar


Mó solzão. Tati Quebra Barraco querendo ou não anunciou o fim dos tempos em uma ligação encenada no clássico Atoladinha. Bola de Fogo lançou moda, deixou lastro de calor e eu me enterrei em casa. É sábado à noite e estou atolada em meu sofá verde millennial com um ventilador Arno Ultra Silence Force™ na cara e o ar-condicionado que a essa altura já pede socorro. É calor que tira a vontade de comer, levantar, colocar o pé pra fora. A roupa gruda no corpo e o suor escorre na dobrinha atrás do joelho, onde menos se espera. O fim dos tempos é agora. Mas mais tarde talvez eu me sirva de pastis-de-Marseille, oh là là. Meu girl dinner será uma barra de chocolate Talento, aquele meio-amargo com amêndoas. 

Calma, calma, foguentinha

* * *

Dia desses fui organizar umas bagunças online e redescobri um blog de arroba que gostava dos textos mas que sumiu faz bom anos. Joguei no Twitter o nome para saber que fim deu, uma das poucas funcionalidades que ainda operam de forma razoável por lá, a fofoca local e nichada, e único motivo pra evitar a exclusão. Aparentemente foi preso por violência doméstica, dizem. Aí realmente fica difícil escrever textos engraçadinhos.

Dia desses, também, quando voltava de Uber à noite, inventei marido e outros romantismos que não estou vivendo porque o motorista não parava de deixar claro o quanto estava solteiro enquanto indagava questões pessoais. Esperei uma semana para dar uma nota ruim.

* * *

ilustração de mulher entre flores e texto "look, ok, i swear i'm a Strong independente woman, i just need your help proving it to myself and everyone else" por heather buchanan

Feliz dia da mulher, uma flor pra gente.